As suspeitas de fraude nas últimas eleições presidenciais, provocaram uma série de protestos neste país, e colocaram mais uma vez o Irão no centro das atenções, devido a estas questões controversas. Mas esta onda de protestos, em que os jovens e as mulheres estão a ter um papel fundamental, também é um sintoma da mudança social, que que está a emergir gradualmente, num país cheio de contradições, mas com uma rica cultura por descobrir.
O Irão é o herdeiro histórico da Antiga Pérsia, que foi um dos maiores impérios do mundo, um dos berços da civilização, e berço também de grandes pensadores como Zaratrusta. Possui uma das maiores reservas de petróleo mundiais, e um importante património artístico, com milhares de anos. Apesar da censura do governo, e da disciplina de ferro imposta pelo regime, o Irão tem cerca de 22 milhões de utilizadores de Internet e possui uma das comunidade de bloggers mais participativa no mundo.
O cinema iraniano também vive um grande momento, e desde os anos 90 que é berço de jovens cineastas que têm fascinado o Ocidente. Na última Berlinale, Asghar Farhadi ganhou o Urso de Prata, de melhor director, com Darbareye Elly, e em 2007 com Persépolis, um filme baseado em livros de banda desenhada, do iraniano Marjane Satrapi, ganhou o Prémio do Júri do Festival de Cannes, e foi um dos nomeados aos Óscares.
Noutra banda desenhada, Nylon Road, também criada por uma mulher, Parsua Bashi, mostra do ponto de vista feminino a Revolução Islâmica, a guerra contra o Iraque, e as mudanças na sociedade iraniana. Bashi denuncia a falta de direitos e a discriminação contra as mulheres no seu país.
O Irão pode ainda esta longe de ser uma verdadeira democracia, mas no mundo da cultura, os artistas iranianos têm aberto o caminho para a liberdade, mostrando o outro lado de um país com muito a oferecer, permanecendo todavia ainda um grande desconhecido para o Ocidente.