Desde há alguns anos que o ser humano recorre cada vez mais a aparelhos eléctricos e electrónicos para os seus afazeres diários. Este consumo massivo destes elementos gera uma grande quantidade de resíduos tóxicos que prejudicam gravemente o meio ambiente. O chamado lixo electrónico é actualmente uma das problemáticas mais preocupantes que a ecologia enfrenta.
Anualmente são produzidas entre 40 e 50 milhões de toneladas de lixo electrónico, um número alarmante pela sua magnitude. Apenas na Europa, são geradas umas 14 milhões de toneladas, que representam 5% dos desperdícios totais urbanos. Hoje em dia é raro o cidadão que não disponha de pelo menos um telemóvel, um computador, uma impressora ou scâner em casa. Isso já para não falar dos aparelhos usados nas empresas. Para além disso, o ciclo de vida útil destes é muito curto: cerca de 3 anos para um telemóvel.
Esta situação tem-se vindo a agravar devido a um fenómeno social que estimula a substituição dos terminais com frequência, para ter sempre a tecnologia mais recente, mesmo que estes funcionem correctamente. Esta prática é tão alarmante quanto desnecessária e faz com que o problema continue a aumentar. Os desperdícios – chamados REEE (Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos) – são fabricados com componentes nocivos para o meio ambiente e também para a nossa saúde. Falamos dos metais pesados, cádmio, chumbo, mercúrio, etc. Para além disso, são ainda usados diferentes tipos de plástico não degradáveis. Isto aumenta a contaminação nas águas do subsolo, rios, lagos, mares e zonas verdes.
Alguns dos que mais contribuem para esta contaminação são as placas de circuitos electrónicos, as lâmpadas fluorescentes, os computadores de escritório e portáteis, os monitores, impressoras, câmaras de vídeo, televisores, equipamentos de áudio e telefones móveis.
A reciclagem dos resíduos destes produtos de consumo é um processo caro e contaminante, pois a sua fabricação pode incluir aproximadamente 50 componentes de tamanho reduzido. É dispendioso deitar fora cada aparelho e recuperar o material para reciclar. Por essa razão, o primeiro passo que cada pessoa deve tomar para combater esta situação é reduzir o consumo supérfluo de tais produtos.
Soluções para tratar o lixo electrónico?
Perante tal problema, é importante tomar consciência, tanto a nível particular como colectivo, sobre os devastadores efeitos de se estar a maltratar o planeta e a saúde de todos nós. São muitas as organizações que tentam resolver o problema através de leis, obrigando os fabricantes a construir os seus aparelhos com elementos menos prejudiciais, uma vez que estes podem ser considerados como sendo os responsáveis finais. O que as pessoas particulares podem fazer:
- Reduzir drasticamente o consumo. Hoje em dia, uma grande parte da comunicação é feita através de canais electrónicos. É difícil trabalhar sem computador ou telefone. No entanto, não é necessário mudar todos os anos de telemóvel para ter um, um pouco melhor quando o actual ainda funciona. A compra deve ser feita por necessidade, não por capricho. Se oferecer um aparelho electrónico no Natal, certifique-se que escolhe um fiável e duradouro, para evitar ter de o trocar passado pouco tempo.
- É precisamente no momento da compra que o consumidor mostra se está ou não comprometido com a protecção do meio ambiente. Para além do design, preço e funcionalidades, pode-se também somar o compromisso ambiental do fabricante. São já muitas as marcas que apostam em materiais menos contaminantes.
- Quando um aparelho já não servir, deve-se tentar reutilizá-lo. Ofereça-o a alguém conhecido que precise ou às crianças, em vez de lhes comprar um novo.
- Dê uma vista de olhos no website do fabricante. Muitos fabricantes incluem um serviço de recolha dos telemóveis obsoletos. Para além disso, costumam oferecer outras vantagens como pontos virtuais, ou um desconto na compra do próximo dispositivo como forma de agradecimento.
- Levar o aparelho a organizações que reutilizam instrumentos electrónicos. Estas reparam-nos e vendem-nos novamente. O dinheiro obtido será dirigido para projectos sustentáveis. Outras dão-nos a pessoas menos favorecidas economicamente. Há cada vez mais designers que se tornam famosos por criar novos objectos a partir de aparelhos electrónicos reutilizados.
- Se não se quiser deslocar, existem muitas campanhas na Internet que oferecem um serviço de recolha porta a porta, propondo o seu envio por um preço baixo, ou mesmo comprometendo-se a assumir os gastos de envio. As opções são cada vez mais e cómodas para o consumidor.
- Leve este tipo de aparelhos a pontos especializados onde poderão ser reciclados. Embora a reutilização seja mais conveniente (o processo de reciclagem envia toxinas para a atmosfera), devemo-nos desfazer dos que já não servem num ponto de recolha especializado e nunca misturá-lo com os restantes resíduos. Em Portugal estima-se que apenas 5% dos aparelhos electrónicos sejam reciclados nos locais indicados. O mais preocupante ainda é a composição das pilhas, altamente nocivas para o meio ambiente devido aos materiais com que são fabricadas. No mundo existem 3.000 milhões de utilizadores de telemóvel. Se cada um deles reciclasse apenas um, poderiam ser poupadas 240.000 toneladas de matérias-primas.
Podemos hoje mesmo recolher todos os tablets, GPS ou telemóveis que há muito tempo não funcionam e estão guardados dentro de uma caixa e levá-los ao local mais adequado (para reciclar ou reutilizar). Imagine-se a quantidade de aparelhos electrónicos existentes na casa de cada um de nós.
Se começarmos por esvaziar caixotes e armários destes aparelhos obsoletos e seguindo os conselhos mencionados acima, teremos feito a nossa parte e contribuído para a redução do grande problema que é o lixo electrónico.